terça-feira, 22 de outubro de 2013


O milheto é considerado o sexto cereal mais importante do mundo, depois do trigo, arroz, milho, cevada e sorgo. É uma espécie com duplo propósito, cujos grãos são usados para consumo humano, principalmente na África e Índia, e a planta inteira pode ser utilizada como alimento para o gado, na forma de capineira ou pasto. Esta espécie tem sido utilizada por suas características agronômicas de alta resistência à seca, adaptação a solos de baixa fertilidade, crescimento rápido e boa produção de massa. O grande desafio atualmente tem sido o melhoramento do milheto para os determinados fins. O mercado possui poucas cultivares e o volume de informações sobre o comportamento do milheto nos diversos sistemas de produção é bastante incipiente.

Na década de 70, a agricultura brasileira passou por uma grande intensificação tecnológica, principalmente com a abertura de novas fronteiras agrícolas e a ocupação dos Cerrados. A técnica do plantio direto foi amplamente adotada e hoje é utilizada em cerca de 20 milhões de hectares no Brasil. O milheto tem se apresentado como excelente opção para cobertura dos solos nas áreas de plantio direto e como fonte de grãos e forragem para regiões com risco de disponibilidade de água.
Com a manutenção da palha do milheto sobre o solo e a conseqüente criação de condições para desenvolvimento e manutenção da fauna microbiana, as pesquisas constataram maior aeração do solo e melhor distribuição dos nutrientes, o que tem como resultado menor necessidade de adubação e calagem.
Descompactar o solo é outra função em que o milheto tem se destacado. O sistema radicular profundo possibilita a reciclagem de nutrientes dispersos no solo e favorece o acúmulo de substâncias como cálcio, potássio e nitrogênio na camada superior. É uma planta utilizada também para quebrar o ciclo dos nematóides, principal praga do cerrado.

O professor da Universidade de São Paulo (Unesp Jaboticabal), Jaime Maia dos Santos, explica que o manejo desta praga em áreas de cultura extensiva e em pastagens degradadas pode ser feito a partir da produção de variedades de milheto não hospedeiras. Ao plantar uma cultura não hospedeira, os nematóides perdem alimento e, consequentemente, são reduzidos. "Utilizamos um método de manejo natural, sem pesticidas e que dá resposta extraordinária, já que a planta, além de não ser hospedeira, descompacta o solo e recicla nutrientes e produz uma excelente palhada", destaca.

O milheto também ajuda a recuperar as pastagens degradadas e invadidas pelo mato. Com a diminuição dos nematóides após o plantio do milheto, o produtor pode utilizar a braquiária misturada a sementes de estilosantes, o que, segundo o pesquisador, garantiu bons resultados para as fazendas que já se utilizaram do recurso para o manejo de nematóides. Dados da Embrapa Milho e Sorgo.


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