Por Daiane Almeida
“Dá.
Tudo dá certo. Eu ainda não tenho a cisterna, mas já tenho muita coisa
plantada”, foi nesse clima de animação que Dona Maria Júlia Bispo e
outras agricultoras e agricultores participaram nos dias 10,11 e 12 de
dezembro do curso de Gestão da Água para Produção de Alimentos, do
Programa Uma Terra e Duas Águas, executado pela APAEB no município de
Serrinha.
Com a expectativa de construir novos conhecimentos, eles/as estavam
atentos a cada informação trazida por Abelmanto Carneiro, agricultor
familiar e monitor da atividade. Os tipos de solo e suas
características; o uso da água para criação de animais e no cultivo de
hortaliças; as tecnologias de armazenamento de água; a cultura do
estoque de alimentos, esses e outros temas provocaram debates durante
os três dias de curso.
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Abelmanto Carneiro, monitor e agricultor familiar |
Abelmanto também chamou atenção para a necessidade de se perceber que
uma propriedade é um sistema integrado e que pode estar em harmonia. “Se
você cultiva a hortaliça e cerca ao redor, você pode criar a galinha.
Da horta você se alimenta e alimenta a ave também. Da ave você consome e
vende os ovos e ainda tira a renda. Se eu tenho cabras e preciso
produzir a ração e não tenho milho e nem posso comprar, eu uso o farelo
de palma, que pode ser desidratada na área da calçada da cisterna”,
explica Abel, que interage e responde aos questionamentos.
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Dona Maria Júlia |
Dona Maria Júlia traz em meio à discussão que de tudo ela tem pouco, mas
que a esperança é aumentar a produção depois da conquista da
cisterna-calçadão. “Depois que eu tiver água na minha cisterna quero
ampliar ainda mais. Já criei muita galinha, e de tudo tenho um pouco:
alface, coentro, cebolinha, pimentão, manga, laranja, cajueiro,
goiabeira, mamão e hortelã. Vendo na feira de sábado e ganho meu
dinheirinho extra. Minha família é muito grande. Eu ajudo eles também.
Nem eu, nem meus filhos compramos hortaliças e verduras. É sem veneno e
econômico”, ressalta Dona Maria Júlia, sobre a produção de alimentos
naturais direto do quintal de casa.
Quem já tem uma tecnologia funcionando sabe o quanto pode ser útil para
melhorar a produção e qualidade de vida da família. Jucicleide Ramos
Santos é líder da Associação na Comunidade Barra do Vento e conquistou a
cisterna de produção em 2012. Ela acompanhou os vizinhos da comunidade
durante o curso, e contou como a qualidade de vida da sua família
melhorou.
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Jucicleide Ramos |
“Tenho minha produção de horta, criação de galinhas e frutas para o
consumo da minha família. Minha vida mudou muito. Eu pegava água no
tanque do vizinho e era briga por que ele achava que a gente tava
acabando a água dele. Na minha comunidade não tinha associação. Minha
mãe era sócia na comunidade vizinha. Aí eu me animei e fundamos em 2007 a
associação da nossa comunidade. Fizemos rodas de conversas com os
moradores. A partir daí começamos a lutar pelos projetos e hoje quase
toda a comunidade tem acesso as tecnologias de água. Dessa vez serão
mais oito cisternas construídas”, conta a presidente da associação
Jucicleide Ramos.
Participaram da atividade 34 agricultores e agricultoras das comunidades
Vertente, Maravilha, Canto, Cruzeiro da Paz, Barra do Vento e Salgado.
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